Os “gabinetes de leitura” criados no Brasil pelos portugueses - o do Rio de Janeiro foi o primeiro, mas mais tarde virão os do Recife (em 1850) e o de Salvador (em 1863) - diferenciam-se, entretanto, daqueles estabelecimentos franceses por uma característica: é que neles não se fazia qualquer pagamento pelo empréstimo do livro. Seguindo o exemplo dos “gabinetes de leitura” de raiz portuguesa e ainda na segunda metade do século XIX, instituições semelhantes que também eram denominadas “gabinetes de leitura” e que foram transformadas depois em bibliotecas municipais.
A Biblioteca Nacional do Brasil, considerada pela UNESCO uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo, é também a maior biblioteca da América Latina.
O núcleo original de seu poderoso acervo calculado hoje em cerca de nove milhões de itens é a antiga livraria de D. José organizada sob a inspiração de Diogo Barbosa Machado, Abade de Santo Adrião de Sever, para substituir a Livraria Real, cuja origem remontava às coleções de livros de D. João I e de seu filho D. Duarte, e que foi consumida pelo incêndio que se seguiu ao terremoto de Lisboa de 1º de novembro de 1755.O início do itinerário da Real Biblioteca no Brasil está ligado a um dos mais decisivos momentos da história do país: a transferência da rainha D. Maria I, de D. João, Príncipe Regente, de toda a família real e da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, quando da invasão de Portugal pelas forças de Napoleão Bonaparte, em 1808.
O acervo trazido para o Brasil, de sessenta mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas, foi inicialmente acomodado numa das salas do Hospital do Convento da Ordem Terceira do Carmo, na Rua Direita, hoje Rua Primeiro de Março. A 29 de outubro de 1810, decreto do Príncipe Regente determina que no lugar que serviu de catacumba aos religiosos do Carmo se erija e acomode a Real Biblioteca e instrumentos de física e matemática, fazendo-se à custa da Fazenda Real toda a despesa conducente ao arranjo e manutenção do referido estabelecimento. A data de 29 de outubro de 1810 é considerada oficialmente como a da fundação da Real Biblioteca que, no entanto, só foi franqueada ao público em 1814.
Quando, em 1821, a Família Real regressou a Portugal, D. João VI levou de volta grande parte dos manuscritos do acervo. Depois da proclamação da independência, a aquisição da Biblioteca Real pelo Brasil foi regulada mediante a Convenção Adicional ao Tratado de Paz e Amizade celebrado entre o Brasil e Portugal, em 29 de agosto de 1825.
A FBN possui ainda um Escritório de Direitos Autorais para registro e averbação de direitos de autor e também é a Agência Nacional do ISBN (International Standard Book Number). Como tal, ela coordena e incentiva o uso do sistema internacional de numeração de livros e atribui códigos às editoras e às publicações nacionais para efeito de divulgação e comercialização.Sob o novo estatuto de Fundação, a Biblioteca Nacional ampliou seu campo de atuação, passando a coordenar as estratégias fundamentais para o entrelaçamento de três dos mais importantes alicerces da cultura brasileira: biblioteca, livro e leitura. Assim a instituição coordena o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e a política de incentivo à leitura através do Proler.
Para garantir a manutenção de seu acervo, a FBN possui laboratórios de restauração e conservação de papel, estando apta a restaurar, dentro das mais modernas técnicas, qualquer peça do acervo que precisar desse serviço. Possui também oficina de encadernação e centro de microfilmagem, fotografia e digitalização. Nessa área de conservação de acervo, a Biblioteca Nacional desenvolve dois planos: O Plano Nacional de Microfilmagem de Periódicos Brasileiros, com uma rede de núcleos estaduais de microfilmagem com vistas à preservação de toda produção jornalística do país e o Plano Nacional de Restauração de Obras Raras, cujo objetivo é identificar e recuperar obras raras existentes, não só na Biblioteca Nacional, como em outras bibliotecas e acervos bibliográficos do país.Com vistas a consolidar a inserção da Fundação Biblioteca Nacional na sociedade da informação, foi lançado o Portal Institucional (
), permitindo o acesso aos Catálogos em linha. Em 2006 foi criada a Biblioteca Nacional Digital concebida de forma ampla como um ambiente onde estão integradas todas as coleções digitalizadas colocando a Fundação Biblioteca Nacional na vanguarda das bibliotecas da América Latina e igualando-a às maiores bibliotecas do mundo no processo de digitalização de acervos e acesso às obras e aos serviços, via Internet.
Situado na Praça da Bíblia, esquina da rua Heitor Liberato com a rua José Eugênio Müller, e construído em estilo germânico, na década de 20, o prédio foi comprado pela família Renaux, de Brusque, recebendo o nome com que ficou conhecido até hoje: "Fábrica de Tecidos Renaux". Através do Decreto nº 5.910 de 27 de abril de 1999, o Prefeito Municipal de Itajaí, Sr. Jandir Bellini, homologou o tombamento do imóvel denominado Ex-Fábrica Renaux, inscrito no livro de Tombo Histórico da Fundação Cultural de Itajaí. Definido como prédio ideal para a instalação da Biblioteca Pública de Itajaí, recebeu reforma total, para sediar a Biblioteca Pública Municipal e Escolar "Norberto Cândido Silveira Júnior". Hoje, sendo uma realidade com objetivos definidos, a Biblioteca Pública "Silveira Júnior" forma cidadãos críticos, criativos e participantes, e um importante portal de ingresso à comunidade, que busca a informação, a pesquisa e o lazer.
A história do livro é uma história de inovações técnicas que permitiram a melhora da conservação dos volumes e do acesso à informação, da facilidade em manuseá-lo e produzi-lo. Esta história é intimamente ligada às contingências políticas e econômicas e à história de idéias e religiões.
Antiguidade
Na Antiguidade surge a
escrita, anteriormente ao texto e ao livro. A escrita consiste de código capaz de transmitir e conservar noções abstratas ou valores concretos, em resumo: palavras. É importante destacar aqui que o meio condiciona o
signo, ou seja, a escrita foi em certo sentido orientada por esse tipo de suporte; não se esculpe em papel ou se escreve no
mármore.
Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram tabuletas de
argila ou de
pedra. A seguir veio o khartés (volumen para os romanos, forma pela qual ficou mais conhecido), que consistia em um
cilindro de
papiro, facilmente transportado. O "volumen" era desenrolado conforme ia sendo lido, e o texto era escrito em colunas na maioria das vezes (e não no sentido do eixo cilíndrico, como se acredita). Algumas vezes um mesmo cilindro continha várias obras, sendo chamado então de tomo. O comprimento total de um "volumen" era de c. 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro chegava a 6 centímetros.
O papiro consiste em uma parte da planta, que era liberada, livrada (
latim libere, livre) do restante da planta - daí surge a palavra liber libri, em latim, e posteriormente livro em português. Os fragmentos de papiros mais "recentes" são datados do
século II a.C..
Aos poucos o papiro é substituído pelo
pergaminho, excerto de couro bovino ou de outros animais. A vantagem do pergaminho é que ele se conserva mais ao longo do tempo. O nome pergaminho deriva de
Pérgamo, cidade da
Ásia menor onde teria sido inventado e onde era muito usado. O "volumen" também foi substituído pelo
códex, que era uma compilação de páginas, não mais um rolo. O códex surgiu entre os gregos como forma de codificar as leis, mas foi aperfeiçoado pelos romanos nos primeiros anos da
Era Cristã. O uso do formato
códice (ou códice) e do pergaminho era complementar, pois era muito mais fácil costurar códices de pergaminho do que de papiro.
Uma conseqüência fundamental do códice é que ele faz com que se comece a pensar no livro como objeto, identificando definitivamente a obra com o livro.
A consolidação do códex acontece em Roma, como já citado. Em Roma a leitura ocorria tanto em público (para a plebe), evento chamado recitatio, como em particular, para os ricos. Além disso, é muito provável que em Roma tenha surgido pela primeira vez a leitura por lazer (voluptas), desvinculada do senso prático que a caracterizara até então. Os livros eram adquiridos em livrarias. Assim aparece também a figura do editor, com
Atticus, homem de grande senso mercantil. Algumas obras eram encomendadas pelos governantes, como a Eneida, encomendada a
Virgílio por
Augusto.
Acredita-se que o sucesso da religião cristã se deve em grande parte ao surgimento do códice, pois a partir de então tornou-se mais fácil distribuir informações em forma escrita.
Idade Média
Uma página da
Bíblia de Gutenberg (
Velho testamento).
Na idade Média o livro sofre um pouco, na Europa, as consequências do excessivo fervor religioso, e passa a ser considerado em si como um objeto de salvação. A característica mais marcante da Idade Média é o surgimento dos monges copistas, homens dedicados em período integral a reproduzir as obras, herdeiros dos escribas egípcios ou dos libraii romanos. Nos mosteiros era conservada a cultura da Antiguidade. Apareceram nessa época os textos
didáticos, destinados à formação dos religiosos.
O livro continua sua evolução com o aparecimento de margens e páginas em branco. Também surge a pontuação no texto, bem como o uso de letras maiúsculas. Também aparecem índices, sumários e resumos, e na categoria de gêneros, além do didático, aparecem os florilégios (coletâneas de vários autores), os textos auxiliares e os textos eróticos. Progressivamente aparecem livros em língua vernacular, rompendo com o monopólio do
latim na literatura. O papel passa a substituir o pergaminho.
Mas a invenção mais importante, já no limite da Idade Média, foi a impressão, no século XIV. Consistia originalmente da gravação em blocos de madeira do conteúdo de cada página do livro; os blocos eram mergulhados em tinta, e o conteúdo transferido para o papel, produzindo várias cópias. Foi em
1405 surgia na
China, por meio de
Pi Sheng, a máquina impressora de tipos móveis, mas a tecnologia que provocaria uma revolução cultural moderna foi desenvolvida por
Johannes Gutenberg.
A
Epopéia de Gilgamesh é o livro mais
antigo conhecido.
Idade Moderna
No Ocidente, em
1455,
Johannes Gutenberg inventa a imprensa com
tipos móveis reutilizáveis, o primeiro livro impresso nessa técnica foi a Bíblia em latim. Houve certa resistência por parte dos copistas, pois a impressora punha em causa a sua ocupação. Mas com a impressora de tipos móveis, o livro popularizou-se definitivamente, tornando-se mais acessível pela redução enorme dos custos da produção em série.
Com o surgimento da
imprensa desenvolveu-se a técnica da
tipografia, da qual dependia a confiabilidade do texto e a capacidade do mesmo para atingir um grande público. As necessidades do tipo móvel exigiram um novo desenho de letras; caligrafias antigas, como a
Carolíngea, estavam destinadas ao ostracismo, pois seu excesso de detalhes e fios delgados era impraticável, tecnicamente.
Uma das figuras mais importantes do início da tipografia é o italiano
Aldus Manutius. Ele foi importante no processo de maturidade do projeto tipográfico, o que hoje chamaríamos de
design gráfico ou
editorial. A maturidade desta nova técnica levou, entretanto, cerca de um século.
Portugal
Fotografia de um livro publicado em 1866.
Em Portugal, a
imprensa foi introduzida no tempo do rei
D. João II. O primeiro livro impresso em território nacional foi o Pentateuco, impresso em Faro em caracteres hebraicos no ano de 1487. Em 1488 foi impresso em
Chaves o
Sacramental de Clemente Sánchez de Vercial, considerado o primeiro livro impresso em língua portuguesa, e em 1489 e na mesma cidade, o
Tratado de Confissom. A impressão entrava em Portugal pelo nordeste transmontano. Só na década de noventa do
século XV é que seriam impressos livros em Lisboa, no Porto e em Braga.
Na
idade Moderna aparecem livros cada vez mais portáteis, inclusive os livros de bolso. Estes livros passam a trazer novos gêneros: o
romance, a
novela, os
almanaques.
Idade Contemporânea
Cada vez mais aparece a informação não-linear, seja por meio dos jornais, seja da
enciclopédia. Novas
mídias acabam influenciando e relacionando-se com a indústria editoral: os registros sonoros, a
fotografia e o
cinema.
O acabamento dos livros sofre grandes avanços, surgindo aquilo que conhecemos como edições de luxo. Atualmente, a
Bíblia é o livro mais vendido do
mundo.
A produção do livro
A criação do conteúdo de um livro pode ser realizada tanto por um autor sozinho quanto por uma equipe de colaboradores, pesquisadores, co-autores e ilustradores. Tendo o manuscrito terminado, inicia a busca de uma
editora que se interesse pela publicação da obra (caso não tenha sido encomendada). O autor oferece ao editor os direitos de reprodução industrial do manuscrito, cabendo a ele a publicação do manuscrito em livro. As suas funções do editor são intelectuais e econômicas: deve selecionar um conteúdo de valor e que seja vendável em quantidade passível de gerar lucros ou mais-valias para a empresa. Modernamente o desinteresse de editores comerciais por obras de valor mas sem garantias de lucros tem sido compensado pela atuação de editoras universitárias (pelo menos no que tange a trabalhos científicos e artísticos).
Cabe ao editor sugerir alterações ao autor, com vista a ajustar o livro ao mercado. Essas alterações podem passar pela editoriação do texto, ou pelo acréscimo de elementos que possam beneficiar a utilização/comercialização do mesmo pelo
leitor. Uma
editora é composta pelo Departamento
editorial, de
produção, comercial, de
Marketing, assim como vários outros serviços necessários ao funcionamento de uma empresa, podendo variar consoante as funções e serviços exercidos pela empresa. Na mesma trabalham os editores, revisores, gráficos e
designers, capistas, etc. Uma editora não é necessariamente o produtor do livro, sendo que quase sempre essa função de reprodução mecânica de um
original editado é feita por oficinas gráficas em regime de prestação de serviço. Dessa forma, o trabalho industrial principal de uma editora é confeccionar o modelo de livro-objeto, trabalho que se dá através dos processos de edição e composição gráfica/digital.
Livros
A fase de produção do livro é composta pela impressão (posterior à
imposição e montagem em
caderno - hoje em dia digital), o
alceamento e o encapamento. Podendo ainda existir várias outras funções adicionais de acréscimo de valor ao produto, nomeadamente à capa, com a plastificação, relevos, pigmentação, e outros acabamentos.
Terminada a edição do livro, ele é embalado e distribuído, sendo encaminhado para os diferentes
canais de venda, como os livreiros, para daí chegar ao público final.
Pelo exposto acima, talvez devêssemos considerar que a
categoria livro seja a concepção de uma coleção de registros em algum suporte capaz de transmitir e conservar noções abstratas ou valores concretos. No início de 2007, foi noticiada a invenção e fabricação, na Alemanha, de um papel eletrônico, no qual são escritos livros.
Bibliografia
FEBVRE, Lucien. O aparecimento do livro. São Paulo: Unesp, 1992.
KATZENSTEIN, Ursula. A origem do livro. São Paulo: Hucitec, 1986.
SCORTECCI, João. Guia do Profissional do Livro. São Paulo: Scortecci, 20